As doenças relacionadas ao trabalho são realmente sérias. E não devem ser de forma alguma desprezadas. Principalmente as de ordem psicológica. Falo com experiência, não por ser médico ou pesquisador da área. Mas por tê-las e ter que conviver diariamente com isso com isso. Na minha humilde experiência na função de gerente, posso relatar que foi prazerosa e ao mesmo tempo altamente desgastante.
Se formos colocar em uma balança o resultado será assustadoramente negativo. Digo que no fim não valeu a pena Minha vida foi absolutamente sugada em função da empresa. As baixas foram infinitamente maiores do que as vitórias. Perdi momentos importantes com família e amigos. Dentro de todas as perdas, a mais grave: minha saúde. Vivemos em um mundo onde o ser humano deve trabalhar o dobro para ser considerado produtivo e eficiente, e talvez até para conseguir sobreviver financeiramente.
A responsabilidade é alta, as metas são matadoras. As cobranças são severas, na prática ou você atende desta forma ou está fora do jogo, é desumano, mas é real, verdadeiramente funciona assim. Talvez não seja um problema de todos desta função ou em todas as vertentes da economia, no meu caso e de vários outros que conheço, em funções de “confiança” tiveram, têm ou ainda terão (sem querer prever o futuro) alguma doença. É silencioso, algumas vezes se manifestam de forma fisiológica, como uma gastrite uma dor muscular, dor de cabeça é enorme o leque de problemas agindo silenciosamente como um ninja habilidoso que consegue matar sem ser percebido.
Identificar e tratar é difícil até para os médicos. Há muitos fatos que contribuem para a perda da saúde. Poderia descrever por horas, mas ao meu ver não se conhecer bem é o principal deles. Conhecer seu limite, até que ponto seu corpo e sua mente podem aguentar, estabelecer seu ponto de parada pode ser crucial para manter a saúde. Quando estamos bem, achamos que somos invencíveis, cobertos por uma enorme armadura, mas não fomos projetados para viver em constante estresse. Logo essa armadura que tínhamos passa a ser um fino pano de seda que pode ser desconstruído com um puxar de fio.
Este sou eu hoje, coberto por um manto desgastado. Em busca pela reestruturação da saúde e da paz interior diariamente. A batalha é longa e custa caro, às vezes me pergunto “Como deixei isto acontecer?” A resposta que me vem na mente é: “A responsabilidade falava mais alto”.
Se pudesse ter a oportunidade de ouvir esta reflexão no inicio da minha carreira “Certamente viveria diferente”
Créditos:
Produção: Magnun Bezerra
Produção: Fábio Bueno, Valdir Kuroski e Rian Almeida
Disciplina: Psicologia das organizações
Professora: Dra Thaís Augusta Cunha
Tema: Saúde no Trabalho Este é um caso real
Narração: Edson Ferreira